E vê do mundo todas os principais,
Que nenhum no bem público imagina; Vê neles que não têm amor a mais
Que a si somente, e a quem Filáucia ensina.
Vê que esses que frequentam os reais
Passos, por verdadeira a sã doutrina
Vendem adulação, que mal consente
Mondar-se o novo trigo florescente.
Vê que aqueles que devem á pobreza
Amor divino e ao povo caridade,
Amam somente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade.
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade:
Leis em favor do rei se estabelecem,
As em favor do povo só perecem.
Uma das qualidades desse texto camoniano é dizer coisas que ultrapassam sua temporalidade, coisas que são universais ou pelo menos têm sentido além do tempo quando foram escritas. O poema de Camões trata de uma circunstância fundamental para os povos de todos os momentos: a moral dos homens públicos.
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