Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco ...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro ...
Eu sei ... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro ...
Minha desgraça, ó cândica donzela,
E não ter um vintém para um vela.
Nem na terra de amor não ter eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco ...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro ...
Eu sei ... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro ...
Minha desgraça, ó cândica donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,E não ter um vintém para um vela.
Álvares de Azevedo
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